Rebeca: Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Jul 2025)
O realismo enquanto enfrentamento anti-hegemônico
Abstract
Após a Segunda Guerra Mundial, o neorrealismo italiano teve grande impacto na cinematografia mundial e difundiu-se por diferentes escolas nacionais. No mesmo período, a produção de Hollywood atingiu um novo patamar hegemônico em termos de exibição e distribuição, acompanhando o papel preponderante dos Estados Unidos na geopolítica. A simultaneidade destes dois fenômenos gerou respostas similares nas escolas cinematográficas de países tão distantes como a Argentina e a Índia, nos quais manifestos cinematográficos tentaram enfrentar a homogeneização promovida pelo domínio hollywoodiano em seus mercados, apostando no realismo como opção estética. Se num primeiro momento, a partir do fim da década de 1940, manifestos de autores como Satyajit Ray e Fernando Birri buscaram constatar problemas estruturais em seus países, apontando para a necessidade de construir uma linguagem própria; em um segundo momento, no fim dos anos 1960, movimentos como o Novo Cinema Indiano e propostas teóricas como o Terceiro Cinema argentino representaram uma radicalização de termos, frente a continuidade do domínio estadunidense nas salas de cinema de países do chamado Terceiro Mundo e a contínua dificuldade de se realizar obras anti-hegemônicas nos mesmos. Para analisar este fenômeno esparso, contemporâneo e interligado, utilizo os manifestos What is wrong with Indian films? (1948), Cine y Subdesarollo (1962), Manifesto of The New Cinema Movement (1968) e Hacia un Tercer Cine (1969), compreendendo-os a partir da perspectiva global e da análise do sistema-mundo, proposta por autores como Conrad e Dussel.
Keywords